Somos todos predadores, numa doida cadeia alimentar.
Nos alimentamos dos que vão enfraquecendo no caminho
e, assim, vamos matando, a cada passo, mais um pedacinho
da divindade que nos habita!
Numa estranha cadeia alimentar
você, meu predador,
se alimenta
das minhas entranhas
vorazmente!
Rumina cada pedacinho
e depois,
recostado no ninho,
candidamente,
palita os dentes...
O dia há de chegar
em que os papeis se invertam
e vou ser bem mais esperta
do que pensa ou deixa...
Vou começar meu festim pela cabeça
onde esconde seus tolos miolos,
como um tesouro .
E aí não haverá retrocedência.
Só anuência,
submissão, obediência...
Terei o predador domado enfim
dentro de mim,
que sempre fui a presa.
Devo gritar
-Eureka!
ou
-Surpresa?!...
(Elza Fraga