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domingo, 10 de agosto de 2008

DIFERENÇAS

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Poema adaptado para contação de histórias, nele as diferenças fazem o prato da balança oscilar, como um pêndulo maluco que nunca se detem na resposta e peso certo...



Ele morava na cidade.
Ela no campo.
Ele era formado em letras,
miúdas e graúdas.
Ela sonhava
e sua labuta era a roça.
Ele era usuário oficial
da cara feia.
Ela contava causos,
anedotas,
bebia pinga,
e ria de qualquer besteira.
Aos domingos ele ia ao culto,
de terno e gravata,
orar pro Deus só dele.
Ela? Vendia verduras da horta
na feira.
E se passou o tempo...
Um dia,
por estas peças que a vida prega
ou por ironia,
era setembro e era primavera,
seus caminhos se cruzaram...
Se conheceram.
Ele, por orgulho e vaidade,
disse nada,
mas lhe ofereceu uma olhada
de seca pimenteira
e uma flor roubada da roseira.
Ela por ingenuidade e tonteira
enquanto a flor despetalava
se entregava
E murchou no pé a sua vida inteira!
*******************
Até hoje me perguntam
o final desta história,
pois me sabem acompanhante
dos fatos...
E aí? Ele foi morar no campo?
Ela foi para a cidade?
E eu respondo a verdade: Não sei!
Só sei que no lugar em que ela
se entregara
hoje em dia tem uma roseira
onde só nasce flor despetalada...
Nunca,
nunquinha,
deu uma só rosa inteira!
*******************
(Elza Fraga)

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