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sexta-feira, 6 de março de 2009

OS QUATRO CANTOS DA LUA

.
HOMENAGEM AS MULHERES
PELO DIA 08/03.
DIA DA MULHER É TODO DIA,
ESTE TAMBÉM!



Mulher é quase sempre lua
aquela beleza intocada,
enrustida, invertida,
clareando quando passa
mesmo vestida está nua.
mulher é quarto de lua
luzindo cores no ato
simples, corriqueiro,
de pentear o cabelo
como se fossem seus raios.

Mulher as vezes crescente
deixa os que a cercam dementes
dependentes, inseguros
as vezes mingua e sai fora
queixos caídos no chão
onde ela pisa pesado
com a ponta do seu sapato
em surpreso coração...

As vezes nova atiça
porque novidade espicaça
os sentidos... dá cobiça...
mas quando ela fica cheia,
aí é que fica bonita
pega o raio do cabelo
joga por trás do ouvido
desprende o laço de fita
e nesse gesto estudado
perfuma o ar inteiro
deixa o rastro do seu cheiro
desce em muitos luares
redonda clara, brilhante

Só faz exibir seus encantos,
nunca vai ser tua presa,
submissa, doce amante...
escapa, volta pra toca
lá do outro lado do mundo
e continua brilhando
nos quatros cantos da rua!

(Elza Fraga)

quarta-feira, 4 de março de 2009

PRA QUANDO CHEGAR MEU OUTONO

.
Quando enfim
me despir do cansaço
abrir os meus braços
fizer a comida
preparar a bebida
arrumar o meu colo

te chamo pra vida.

Quando enfim
eu limpar os meus olhos,
arrumar meu vestido
com os poemas paridos
e a tristeza for embora
pra lá do infinito

te mando notícias.

Quando enfim
a alma pequena
alçar céus imensos
se prender
nas estrelas
pra que eu nem mais veja
os rios correndo
descendo ladeiras
no mar se perdendo

te armo a mesa.

Quando enfim
os meus olhos secarem
e a matéria nem sangre
mais
os suores das dores,
e me nascerem flores
em cada orificio
jamais explorado

te dou meu ofício,
meu corpo, meu carma,
e meus estertores

te dou minha alma
-o chão onde piso,
em troca
de um riso
suave, sereno

te dou meus favores
amarelecendo
em cores
de um outono
de folhas pisadas
ao sabor da sorte

re-nascendo
da boca da morte

no vento.

Elza Fraga)

terça-feira, 3 de março de 2009

(I)MACULADA




.
Todos os orificios
tomados
maculados
conformados
com a sorte

sabendo que o gozo
é rápido

como a morte

(Elza Fraga)