QUEM VEM COMIGO

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

MIMO DE AMIGO



Mimo de amigo

 Este selo veio de presente do blog TÁVOLA DE ESTRELAS do amigo JouElam E. Dallavecchia. Agradeço e retribuo com um enorme abraço de Luz.
http://pt-br.facebook.com/jorgeedani

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

DERROCADA




Sabe aquela calçada
onde sentada eu ficava
olhar perdido na luz
dum infinito de estrelas
que cavalgavam a estrada
pendurada no espaço?

Ainda estou aqui sentada
mas com os olhos na calçada,
pois descobri
que só aqui, 
bem baixo,

é que te acho.

(elza fraga)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O DIA EM QUE A POESIA PARTIU




Tem vezes que a poesia foge
vai morar em outra freguesia

e o poeta fica inanimado
como quem morre,
como a quem falta
o pão de cada dia.

Um dia a poesia parte
some sem dizer motivo
e leva junto
o sorriso da cara
leva os sonhos
doces amigos das horas vazias
quando as madrugadas esfriadas
colocavam a pena
nas mãos enregeladas
do poeta.

E aí é como se fora
festa acabada,
velório, luto,
saudades extremadas
morte do vate...

Quando a inspiração se vai
a poesia senta na calçada
queda calada
e o poeta mudo, 
fica cego,

tateia e não acha
---------------------------------------- 
se morre
se mata!


(Elza Fraga)

NÃO TEM GENTE!





(Da série verdades que só eu sei)


Quem morou
dentro
deste peito
deu um jeito
nas tralhas
e partiu

só ficou a casca
olhando pro vazio
perscrutando 
o fim

Não deixou link
pra correspondência
desculpe a ausência

de mim.

(Elza Fraga)

domingo, 13 de novembro de 2011

INVERTENDO A VIDA




Andar 

até onde 
a estrada da memória 
não alcança

Correr mulher
morrer criança

(Elza Fraga)

EQUÍVOCO




.
Só olha

não entende nada

e diz:
"Coitada
não chora"

Esta lágrima
que escorregou
é só o por do sol
saindo
pela mesma janela
que entrou

e de tão bonito
quase me cegou

(Elza Fraga)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

UTOPIA



Na noite nua
só vazio

e um grito

que partiu
o infinito

a lua caiu!

(Elza Fraga)


A FUGITIVA



A FUGITIVA

Vim de mala
seu moço

recolher a fala
catar meus cacos

pedaços esparsos

a rede
fica de herança
pelo trabalho

que dei

...descansa

(Elza Fraga)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

SOLITÁRIOS



Jamais veremos juntos um ocaso.
O esplendor do mar
encapelado ou calmo.
Uma estrela azul
riscando o céu.

Jamais veremos juntos
o fim da madrugada.
A alvorada abraçando a vida.
A chuva batendo na calçada.
A minha mão suada na tua mão querida.
Minha cabeça no teu coração.

Jamais veremos juntos
duendes e fadas.
Moleques sujos com os pés no chão.
O mendigo na esquina da minha rua
a esmolar afeto mais que pão.

Jamais terei minha boca na tua
nessa hora em que os solitários
adormecem tristonhos,
e só os casais ficam inventando sonhos.

Jamais conseguiremos juntos
a felicidade
de, peito no peito, presa a liberdade,
partilharmos o leito onde as loucuras
tomam forma de verdades.

Jamais veremos juntos
flores na primavera.
Eu as verei daqui, solitário cantinho,
solidário abrigo das noites vazias.

E tu - eu sei - as pisará sem ver,
neste estranho caminho de musgo,
de hera,
que imaginas de aço, de ferro,
de pedra.
Que percorres de cor
sem precisar de guia,
como se todos os dias fossem
o mesmo dia!

Seguirás teu asfalto.
Pisarás tuas pedras.
Sem conseguir enxergar
a beleza do ocaso.
Sem nunca notar
que já é primavera!
 
(Elza Fraga)
Publicado em: 28/05/2007 18:53:24

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

AS VOLTAS QUE O MUNDO ME DEU

 
 
Era rio
desci cachoeira
hoje sou regato
de final de linha

Que sina
a minha
ficar parada

abestada

com o olhar
perdido

no nada.

Elza Fraga

EVOLUÇÃO AS AVESSAS

 
 
Quando me for
quero voltar em flor
que isso de ser gente
dá um trabalho danado

deixa demente

Elza Fraga

domingo, 18 de setembro de 2011

ATUALIDADE

 
Lembra quando sorria?
Havia um certo trejeito
uma covinha na face

agora a face trincada
em dentes que não se mostram
me viram as costas
no espelho
 
Deve ser medo
da resposta do tempo
da boca escancarada
da máscara arrancada

do inteiro, do intenso
do enredo,
do cerco
do esterco da alma
morta
da projeção do enterro

tentando arrombar minha porta.

Elza fraga

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

PESADELO




Com a boca
da medonha
escancarada
sórdidamente forte

como um avesso
de sorte

a lingua deslizante
rastejante
 
como traiçoeira cobra
salivando
minhas sobras  
 
entre entradas
e entranhas

fingi de morta
fiz que era santa
voltei criança

Burlei a morte.

Elza Fraga

sexta-feira, 1 de abril de 2011

E EU NEM CONHEÇO NOVA IORQUE

..
Quem vai  debruçar
em minhas mãos,
enlaçar um terço,
rezar uma oração
com a simplicidade
dos que oram
sem pranto,

só com o coração?

Quem,
enquanto espero
a saida
finalmente,
vai olhar meus olhos
como crente
com amor, respeito
ou devoção?

Quem,
diferente dos demais mortais,
vai lembrar da morada espiritual
a casinha
de janela amarela
com jardim
que sempre sonhei pra mim
depois da ida?

Quem vai chorar a minha morte
se eu nem conheço Nova Iorque?

Elza Fraga

..

VAGAROSAMENTE

...
Prisão involuntária
vidro da janela
há vida lá fora
...
sol brilhando agora

dentro do meu mundo
só cheiro de morte
fedido
...nauseabundo

até chegar ao fundo
e aí se finda
a última engrenagem
...funcionando ainda

(Elza Fraga)

domingo, 13 de março de 2011

DIA DA CAÇA




Ah, vida
porque castigas
com tremores,
...
fendas escorrem nos rios

trama
ondas gigantes
mata teus próprios filhos

desespera quem te ama
nos deixa de peito vazio
e nos preenche de medo

e frio!

(Elza Fraga)

sábado, 5 de março de 2011

O MURMURAR DO SILÊNCIO

...

Sem palavras,
todas fugiram.
Calar é ouvir o silêncio

esse eu recomendo
diariamente
noturnamente.

Então não se espantem comigo
se emudeci o canto,
e abri as comportas do pranto

A alma seca a luz
como se pendurada
 em cruz

perdida

num varal
qualquer da vida

(Elza Fraga)