QUEM VEM COMIGO

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O DIA EM QUE A POESIA PARTIU




Tem vezes que a poesia foge
vai morar em outra freguesia

e o poeta fica inanimado
como quem morre,
como a quem falta
o pão de cada dia.

Um dia a poesia parte
some sem dizer motivo
e leva junto
o sorriso da cara
leva os sonhos
doces amigos das horas vazias
quando as madrugadas esfriadas
colocavam a pena
nas mãos enregeladas
do poeta.

E aí é como se fora
festa acabada,
velório, luto,
saudades extremadas
morte do vate...

Quando a inspiração se vai
a poesia senta na calçada
queda calada
e o poeta mudo, 
fica cego,

tateia e não acha
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se morre
se mata!


(Elza Fraga)

NÃO TEM GENTE!





(Da série verdades que só eu sei)


Quem morou
dentro
deste peito
deu um jeito
nas tralhas
e partiu

só ficou a casca
olhando pro vazio
perscrutando 
o fim

Não deixou link
pra correspondência
desculpe a ausência

de mim.

(Elza Fraga)

domingo, 13 de novembro de 2011

INVERTENDO A VIDA




Andar 

até onde 
a estrada da memória 
não alcança

Correr mulher
morrer criança

(Elza Fraga)

EQUÍVOCO




.
Só olha

não entende nada

e diz:
"Coitada
não chora"

Esta lágrima
que escorregou
é só o por do sol
saindo
pela mesma janela
que entrou

e de tão bonito
quase me cegou

(Elza Fraga)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

UTOPIA



Na noite nua
só vazio

e um grito

que partiu
o infinito

a lua caiu!

(Elza Fraga)


A FUGITIVA



A FUGITIVA

Vim de mala
seu moço

recolher a fala
catar meus cacos

pedaços esparsos

a rede
fica de herança
pelo trabalho

que dei

...descansa

(Elza Fraga)